segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Música eletrônica




Acho que foi há uns 7 ou 8 anos, quando soube que um de meus alunos estava interessado em seguir a carreira de DJ. Como sua família possuía recursos, ganhou uma dessas pick-ups de discotecagem e, depois de alguns meses, sua mãe havia lhe alugado um espaço na Galeria do Rock para que pudessem comercializar CDs de música eletrônica e outro. 
Conversávamos sobre gostos musicais e sempre havia lhe explicitado uma certa reticência - e até preconceito - em relação à música que não fosse, digamos, produzida pelos meios mais convencionais.
Com o tempo fiquei curioso e lhe pedi, assim que a loja estivesse pronta, que escolhesse alguns discos para poder realizar minha “iniciação”.  Tenho dois deles até hoje: um, de quem faço questão de não saber o autor; o outro, o Audio architecture, do DJ Marky.  
Fora apresentado ao drum’n’bass... Fantástico! Muito bom!
A partir dele, percebi que havia outos gêneros e estilos bacanas na  música eletrônica. Não era apenas o drum’n’bass, mas também o house, o trance, o pop com  jazz e com  samba , o lounge... e por aí vai.
Meu caminho fora aberto para a Energia 97 (passei a ouvir o Terremoto, o Night Sessions e o Club tronic) e, dela, para as FMs da web, CDs, músicas baixadas da internet e alguns (poucos) shows.
Descobri que a música eletrônica, assim como qualquer outra realização humana, possui uma história. Muito bom foi novamente ouvir o Emerson, Lake e Palmer e conhecer um pouco dos experimentalismos do Kraftwerk;  da mesma forma,  começar a ouvir alguma coisa de Stockhausen
Ler sobre a sua evolução me fez prceber que ela não é ouvida somente em Ibiza e muito menos consumida apenas por (supostos) alienados da classe média.
Outro dia, ao ver a Invenção do contemporâneo (da Cultura), ouvir José Miguel Wisnik localizando e contextualizando a música eletrônica na evolução da música ocidental foi muito esclarecedor.
Independentemente de questões como a da duvidosa qualidade de muitas das que são produzidas, não é preciso dizer que ela, atualmente, é um fenômeno mundial e procura traduzir as diferentes formas de leitura do mundo criadas por diversos grupos. 
Se por trás da aparente repetição monótona, mecânica, industrial, monocórdia e não melódica de seus sons pode-se descobrir a não passagem do tempo como uma espécie de presentismo infinito, não histórico, alucinante e alienante a nos apresentar muito do que somos hoje, também podemos ser levados a um cofre cuja abertura nos revela pulsações, ritmos, viagens e o contato com os tambores africanos e os sentidos primitivos de nossos antepassados mais remotos. Sendo assim, ela é vital e urbana por excelência.
Maravilhosa para alguns, nem tanto para outros, ganhou espaço e se tornou tão legítima quanto qualquer outro gênero.

Um comentário:

Mariana Abi Asli disse...

Confesso que tinha "pré" conceito com a música eletrônica , creio que talvez por não conhecimento de suas vertentes, diferenças de composições, sempre pensava a música eletrônica no tal verbo "putz putz".
De uns tempos pra cá, comecei a escutá-la e aprender a apreciar...
A música como qualquer outra linguagem seja ela artística, tecnológica, ciências, culturais, sofreu grandes mudanças na sociedade, dando consequência o uso de artefatos para aperfeiçoamento, melhorias(ou conforto humano?)
Bom, para mim a música eletrônica hoje soa como um Bach contemporâneo ou Mozart...que nos força a pensar como corpo.